Analisando o Belo Character Design de Amagami SS

Algo com que muita gente se incomoda em animes é o fato da presença de inúmeras personagens que estão totalmente afastadas de qualquer verossimilhança com o mundo real – ainda mais com o Japão, país que tem como um de seus pilares a presença de uma forte homogeneização étnica; e o grande símbolo disso é a profusão de garotas de cabelo rosa nesta mídia.

De Lacus Clyne a Lala Satalin Deviluke – nomes exóticos que também ajudam a compôr este clima de escapismo bastante presente na animação japonesa – temos literalmente milhares de garotas quase embaladas para presente ao utilizarem longos adereços nos cabelos e vestirem roupas cheias dos babados. Só faltou a caixa.

Mas mesmo em um mercado assim também há potencial para uma abordagem que, se no fundo é exatamente a mesma coisa, tem em sua aparência um conceito bacana a ser explorado que é justamente abordar estas garotas idealizadas feitas na medida para casar – as chamadas waifusem uma embalagem que prima por ter maior realismo: assim surgiu o conceito por trás de Amagami SS.

Seis garotas, cada qual com uma personalidade milimetricamente planejada para agradar determinado segmento de homens, e que são construídas fisicamente tanto em cima dessas feições básicas [também deixadas bastante em aberto justamente para a pessoa projetar sentimentos afetivos] como também pensando em agradar esteticamente aos olhares dos fãs.

E que o traço que podemos definir como elegante [mesmo este artigo não sendo ilustrado com corpos, percebe-se já pelos rostos que considerando-se a média do traço de anime, estas meninas realmente aparentam ter seus 16~18 anos] consegue também trazer aquele grau de diferenciação entre as personagens claramente desejado por muitos autores mas somente conquistado por muitos trocando a cor e o estilo dos exagerados cabelos em garotas de uma só face [sameface] através do esforço compreendido justamente em trazer certa verossimilhança a estas garotas perfeitas.

E como fazer isso? Oras, tratando-as como pessoas normais, tendo cores de olhos e cabelos possíveis de existir em nosso mundo; rostos que sejam fáceis de fazer e animar – afinal, o objetivo aqui é claramente ganhar um dinheiro da maneira mais fácil possível – mas que ainda assim tenham sinais claros de que são pessoas distintas.

E temos neste bem-planejado equilíbrio de Amagami SS as variações que permitem irmos da gordinha Rihoko Sakurai, sem dúvida a personagem que demonstra menor cuidado com a aparência – comprovado claramente com seu corte de cabelo que beira o tedioso a quase modelo que é Haruka Morishima, de cabelo longo e belamente enrolado [bem, apenas uma das seis protagonistas tem cabelo completamente liso], única com olho azul e a não ser 100% japonesa.

É diferente, é bonito e sem dúvida é grande fator no sucesso desta série que decidiu investir em pequenos arcos de 4+2 episódios para contar o romance entre o protagonista genérico [pelo menos este é tarado, ao contrário do que costuma acontecer em adaptações para anime] e cada uma das garotas listadas neste artigo. Pode não ser revolucionário, mas é principalmente belo de olhar e dentro da suspensão de descrença de muitos – e assim fica a pergunta. Afinal, por que não?

P.S. só para alinhar melhor visualmente o artigo, [whynot] entre as duas melhores garotas do anime – mesmo que afetivamente a preferência da Rihoko [sim, a gordinha].

Algo com que muita gente se incomoda em animes é […]

6 thoughts on “Analisando o Belo Character Design de Amagami SS”

  1. As garotas de Amamagami são lindas. Elas são exatamente como prefiro: aparentam a idade que tem, não tem “caras redondas”, não tem aqueles cabelos loucos, enfim, tudo que você disse. E por elas serem mais realistas, creio que também não são tão irritantes quanto umas lolis da vida. Ainda vou checar Amagami um dia.

    Garotas mais crescidas e com mais iniciativa (mais num sentido de não ser “inocente” e burrinha, mas também adoro garotas tipo a Senjougahara) deveriam ter mais espaço nos animes. Mas fazer o quê se esses otakus não tem culhões nem com desenhos.

  2. Gostei bastantes da iniciativa do anime em trazer garotas mais verossímeis para os fãs.

    Mas acho que em muitos casos em que temos cabelos, cores e estilos loucos não se trata de autores com preguiça procurar por referências reais ou qualquer coisa do gênero. Acho que trata-se mais de não se importar em retratar as coisas do jeito que elas são e sim do jeito que eles querem e eles não são os únicos artistas que seguem esse movimento.

    Temos, ao decorrer da história da arte, muitos artistas (não só que fazem anime e mangá) que preferem produzir de uma forma mais “expressionista” (de dentro para fora, de dentro da mente para o objeto a se tornar arte) que “impressionista” (de fora para dentro, no caso do meio externo, real, para o objeto a se tornar arte). Favor notar as aspas utilizadas nos termos dos dois movimentos artísitcos e notar também que eu estou falando de apenas uma característica em específico de ambos os movimentos. Seus trabalhos são ruins ou deixam de ser arte por causa disso? Não. Assim ocorre também com artistas que preferem deixar sua garota bonita com o cabelo rosa e contra as leis da física.

    Às vezes o artista prefere produzir o que vem dentro da sua mente, e isso eu respeito e, se aos meus olhos estiver bem feito, adimiro. Também acho que é até melhor o artista se sentir livre para produzir da forma que quer suas personagens sem se prender demais à realidade, pois esta pode vir a ser um fator limitante.

    O real problema em deixar garotas com o cabelo “esdrúxulo” é que isso, por muitas vezes, ocorre com uma frequência irritante, como você mesmo falou, e isso é causado por um fator AINDA mais irritante: o fato de que a garota esdrúxula VENDE.

    Encerro aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *